sábado, 2 de janeiro de 2010

NOVA MODA NO FAZENDÃO: MONTAGEM DE ASILO

Mais uma vez, o Bahia começa mal a temporada em termos de planejamento. Como se não bastasse o êxodo de quatro importantes nomes que deram certo em 2009 - tidos como prioridades para o clube - em situações de causar estranheza, eis que os donos da agremiação resolvem implantar um mini-asilo em pleno fazendão, com o anúncio do ex-jogador Edilson e, provavelmente o ex-meia Preto Casagrande.
Não é difícil prever um 2010 de insucessos e fatos capazes de ampliar a ridicularização, a chacota em todo o território nacional, pois o Bahia tem sido cada vez mais requisitado não somente para engordar currículo de atletas medíocres, como também para postergar trajetórias de nomes outrora respeitados, mas atualmente trilhando o caminho do museu do esquecimento, a exemplo de Edilson.
E quanto ao jogador em questão, há indubitavelmente aspectos pouco discutidos, mas merecedores da preocupação de toda a nação tricolor. Todos sabem que Edilson é amante das noites boêmias, que é acostumado a montar panelinhas para decapitar treinadores que não atendem as suas conveniências (já esqueceram de que ele foi um dos principais artífices, junto com Vampeta, da derrocada do arqui-rival para a segundona em 2004?). E pro Bahia, que ultimamente costuma atrasar salários então!... (acredito até que, tivesse ele naqueles momentos de sufoco entre setembro e outubro/2009, provavel que o Bahia hoje estaria fazendo planos para enfrentar Juventude, Ananindeua, etc.).
E isso remete a famigerada diretoria cometer os mesmos erros do ano findado, pois terá que trazer uma boa peça para o setor (afinal, o homem já beira os 40 anos) e tenho dúvidas de que Edilson aceitaria a sentar no banco caso essa hipotética "sombra" tivesse melhor produção nos gramados do que ele.
O Bahia corre novamente o risco de inchar o elenco com novas aquisições (reorganização de pagamento de salários, luvas, direito de imagem), novas dispensas (pagamento de recisões, dívidas trabalhistas...), culminando com atrasos salariais e insatisfação no grupo.
Interessante mesmo é a base contratual sendo montada (salário de R$ 3 mil por partida). Levando-se em conta que o Bahia pisa nos gramados em média de 2 vezes semanais, ao final de cada mês - se cumprir todos os compromissos, ainda que dificilmente atuará em todos os jogos com sequer 45 minutos - Edilson estará esquentando os seus pagodes sob a bagatela de R$ 24 mil. É muito dinheiro - parafraseando o inesquecível Armando Oliveira - migrando para um autêncico ex-jogador em atividade.

IMAGEM: correio24horas.globo.com/recursos/BancoImagen.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

RUY(M) ACCIOLY: O ANJO DA MORTE TRICOLOR

Ruy Accioly é um predestinado a semear desgraças no E.C. Bahia. Como não bastassem as suas péssimas atuações no controle do futebol do clube – inclusive provocando rebaixamentos em 1997, 2003 e 2005 – eis que aparece numa emissora de rádio dando declarações comprometedoras à reputação institucional tricolor. Isso leva a todos acreditarem que, muito mais que suas pretensões em se servir do Bahia como um cabide de emprego através da sanha pelo poder, Accioly se sente regozijado pela espetacularização do sofrimento da própria torcida. Isso mesmo! As agruras, os vexames vivenciados pela massa tricolor servem para ele como um divertimento pessoal. Infelizmente ele não será punido, até porque está encarregado de manipular cerca de trezentos bonecos de ventríloquos do Conselho Deliberativo para dizer sempre amém aos desmandos da sua diretoria executiva. Por isso, Accioly torna-se imprescindível às pragas maracajianas e guimaranianas. Mas uma censura pública seria o ideal, até mesmo como forma de mostrar, ao menos uma vez, que o Bahia tem um comandante de fato e de direito, o que na prática não ocorre.
IMAGEM: www.atarde.com.br/arquivos/2008/12/66251.jpg

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

DE SANGUESSUGAS A BOBOS DA CORTE

“Vim aqui para mudar uma situação. Quando isso não é possível, é melhor uma troca de comando”. A frase do simpático técnico Sérgio Guedes pode servir de inspiração para as linhas que se seguem. E olha que ele não é culpado pelo estado de coisas a ridicularizar institucionalmente o Esporte Clube Bahia. Afinal, seria de uma enorme insanidade responsabilizar um treinador em dois meses e um gestor de futebol em apenas nove, pelo filme de terror que insiste em ser reprisado há mais de uma década. Mas este recurso ainda é sobejamente produzido por aqueles verdadeiramente culpados por sucessivos escândalos e vexames. Para eles é interessante a idéia, pois os livram da autoria desses bárbaros acontecimentos e forjam aos olhos dos incautos, a concepção bizarra na qual, as intermináveis crises administrativas são resultantes apenas de uma jornada infeliz, de uma escalação equivocada do comandante direto dos jogadores. E assim segue o ciclo: ano seguinte, renovam-se as esperanças (já na divisão inferior) e nada como uma temporada com alguns picos de três, quatro triunfos seguidos contra adversários pífios para conter a sanha da torcida – esta não mais ávida por títulos (ainda que nem ela mesma perceba isto), e sim por insignificantes agrados, como vencer BA-Vis (e torcer por tropeços do arqui-rival) e reavivar as glorias de um passado já distante (a exemplo da constante exaltação às estrelas já enferrujadas de campeão brasileiro).
E quanto aos déspotas de quinta categoria, em suas mentes corrosivas, até que reconhecem a necessidade de profundas mudanças, mas desde que sob o seu cetro. Eles se qualificam como agentes transformadores, mas na verdade se sentem sob risco de perda do tripé dinheiro-poder-holofotes, ao menor sinal de ameaça desses ditos “aventureiros”, “sanguessugas”, que ousarem a invadir seus palácios.
Alguns desses últimos, antes dispostos a permanecer na trincheira de luta por dias melhores, foram surpreendentemente cooptados pelos tiranos do palácio, no intuito de transformá-los em bobos da corte. E de tal forma que ameaçariam até a Chalaça no Paço Imperial, se neste mundo ele ainda estivesse. Os movimentos – vários deles batizados – em prol da modernidade, de vanguarda, foram cedendo espaço a declarações e atitudes vazias e estranhas, uma vez que as mãos encontram-se literalmente entrelaçadas às das “autoridades”, por conta de pequenos mimos, em detrimento de um objetivo maior. Um cargo aqui, um status de consultor ali, promessas de abertura democrática no falido reino tricolor (mesmo que seja só por brincadeira) foi a maneira vista como eficaz – bem a moda dos anos de “Futebol, Paixão e Catimba” – para garantir em momentos conturbados a paz que desejam os “monarcas”.
Mas não há problemas. Sábio é o povo quando diz que as boas maçãs são facilmente estragadas em contato com as podres. E quando se completar o processo de deterioração dos frutos, a atitude no mínimo decente a se esperar, é que os agora bobos do palácio tenham a grandeza de ao menos reproduzir – juntamente com as eternas forças do atraso – o gesto do técnico Sérgio Guedes, sintetizado no início desta redação. E que tenham merecido lugar no ostracismo, para o bem, e pelo resgate institucional tricolor.
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terça-feira, 22 de setembro de 2009

"NOVA" DIRETORIA, VELHOS VÍCIOS

Nove meses se passaram. Preferi me silenciar durante esse tempo, no intuito de evitar conclusões precipitadas. Foi melhor observar quieto as movimentações de bastidores, desde a eleição de Marcelo Filho até os dias recentes. Trata-se de um período que guarda em si algumas peculiaridades. Não no tocante ao tão esperado vento que sopre em direção à modernidade do Esporte Clube Bahia, porque tudo continua com a mesma melancolia de outrora, mas quanto ao estabelecimento de um inédito modo de preservação de sua espécie nas sombras do poder, priorizando o discurso do “novo”, da “jovialidade”, do “diferente”, de forma a ludibriar todos aqueles tricolores que se encontravam na trincheira de luta, visando ao restabelecimento da dignidade moral do clube. E a forma de como a coisa foi feita, nisso Marcelo e seus amigos que estão promovendo a sua pseudo-revolução, foram de uma astúcia sem precedentes.
Contratação de Paulo Carneiro (rubro-negro roxo, mas reconhecidamente um profundo conhecedor do futebol enquanto negócio), perspectivas de realinhamento do seu patrimônio físico (Sede de Praia, Fazendão...), promessas de eleições diretas no prazo de dois anos, planos de associação em massa, criação de um “Conselho Consultivo”, democratização no acesso aos balanços da agremiação, e o que é melhor: uma certeza quase que sobrenatural da presença tricolor na Série A em 2010, tendo como aperitivo a conquista do Baianão e uma participação honrosa na Copa do Brasil. Todos esses aspectos levaram a setores pertencentes aos maiores grupos oposicionistas a um estado de êxtase, vivendo num mundo de faz de conta, acreditando finalmente no ajustamento do Bahia nos trilhos do sucesso. Incrivelmente, na reunião que levou a aprovação do estatuto – documento com muitos pontos ainda obscuros – o comentário em geral no seio da imprensa esportiva, era de que não havia mais oposicionistas.
Este “mundo encantado” vivido por parte daqueles antes considerados sanguessugas, foi o suficiente para que ocorresse sem maiores problemas, por exemplo, as contratações e dispensas em atacado de atletas de procedência duvidosa; a queima de jovens promessas oriundas das divisões de base, que passaram a servir como tábua de salvação em meio ao grupo de profissionais. Continuaram também o incentivo à manipulação de consciências, que vibram com as alegrias momentâneas, enchendo estádio para ver vitórias pífias, contra adversários de igual teor. Enfim, a exaltação exaustiva ao passado, o olhar vago para o presente e as preocupações, no máximo, para o próximo jogo, ainda persiste. E o Bahia continua sendo um clube de futuro sombrio.
A falsa regularidade do elenco nos gramados – alternando alegrias fugazes e vexames incontestes – ajudavam a abafar a desconfiança de muitos, mas não o senso crítico de alguns, que enxergavam o óbvio: a temporada de 2009 não foi precedida de planejamento. Tudo o que aconteceu até aqui foi resultante de medidas pontuais, de forma que o aspecto particular não dialogasse com o todo. Prova disso é a falta de condições materiais que permitam o bom desempenho e melhor qualidade dos atletas. O departamento de marketing – motivo de chatota até mesmo entre aqueles que não compreendem claramente as suas atribuições – continua a espera de sua moralização, pois sequer apresenta eficácia quanto a venda de ingressos para os jogos do clube. O projeto de associação em massa ainda não decolou não se sabendo se por incompetência ou por conveniência. Nada foi feito nesses meses com vistas a arregimentar recursos de fora para dentro do futebol, regra básica para as grandes associações futebolísticas que se preze. E antes que alguém venha lembrar a produção cinematográfica, não custa perceber que hoje, os grandes clientes são os falsificadores, aqueles mesmos que vão piratear em milhares de cópias a partir de uma, para abastecer o mercado informal.
Chega a ser risível o projeto de eleições diretas em 2011 – se é que vai ter – com candidatos previamente escolhidos a dedo pelos bonecos de ventríloquos que estão confinados no Conselho Deliberativo. Na prática, é como se as pragas maracajianas e guimaranianas estivessem escolhendo os seus “adversários” no pleito vindouro. Isto é ou não um grande processo eleitoral?
E setores “jabazeiros” da imprensa estão com um bode, ou melhor, um carneiro expiatório pronto no forno assando, para tão logo se confirme mais uma péssima temporada do Bahia, no intuito de atenuar a fúria da torcida e a culpabilidade dos responsáveis há anos pelos intermináveis vexames. E num momento para eles muito favorável, pois seria a grande oportunidade de sepultar de vez a carreira do dirigente, que colecionou muitos desafetos no bojo da reestruturação do arqui-rival tricolor. Carneiro seria colocado como culpado de todas as desgraças em menos de doze meses, de todos os vícios que agonizam há mais de uma década. É como se ele desaprendesse aqui tudo o que fez nas cercanias de Canabrava. Ou para alguns, concretiza-se o sonho de destruição do Bahia, como declarou PC há alguns anos às vésperas de um BA-VI. Seria o momento de relembrar a sua responsabilidade na aquisição de nomes a serem esquecidos como Evaldo, Lima, etc., e ocultar sua autoria na aquisição de boas peças, a exemplo de Fernando, Marcelo, Nem, Jael e Nadson. O problema é que não há Paulo Carneiro que faça milagres diante de tamanha fragilidade em um clube carente de valores financeiros e inteligíveis em sua cúpula, haja vista que o “novo” presidente - encontra-se 90% do seu tempo passeando em Brasília e prefere aqui fazer o papel de Rainha Elizabeth – e sua “nova” diretoria – com seu pai de fora dos holofotes, mas funcionando como uma verdadeira eminência parda – continua com os mesmos vícios do passado.
Antes de finalizar a discussão, um fato começa a mobilizar – e preocupar – a torcida tricolor: trata-se da venda, desapropriação (ou doação, até aqui, ninguém sabe) da Sede de Praia. Causa estranheza a forma de como a negociação está sendo desenvolvida, com muitas das regras em desuso na atual conjuntura do mercado imobiliário. Não vou reprisar o que está sendo acordado, pois o assunto está sobejamente freqüentando os noticiários em toda a cidade. Apenas gostaria de conclamar a todos para uma profunda reflexão na hora de aprovarmos o projeto, enquanto membros da Assembléia Geral. Não vamos dizer amém passivamente aos interesses nebulosos de dirigentes em atitudes que provocam a confusão entre o público e o privado. Já bastam as vacas de presépio que compõem o Conselho Deliberativo, que prestam este papel com muita eficácia. É importante, antes de referendarmos o ato, observar se tudo o que estão dizendo, está devidamente documentado. E os curiosos com experiência na área jurídica, podem neste dia desempenhar uma atuação fundamental neste processo.
IMAGEM: (www.atarde.com.br/arquivos/2009/08/122102.jpg) . O atacante Jael pode ser considerado uma das poucas peças positivas da temporada de 2009. Mas ele é apenas um grão de areia em meio as dunas de humilhações que a diretoria tricolor vêm subetendo a sua torcida - dentro e fora das quatro linhas.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

CONSELHO DELIBERATIVO: A BASE DA MEDIOCRIDADE NO CLUBE

A cada processo eleitoral que tenho acompanhado do Esporte Clube Bahia, me renovam as certezas quanto a podridão (termo aqui utilizado para que o presente texto consiga se manter em bom nível), existente no seio daquelas vacas de presépio que desonrosamente compõem o Conselho Deliberativo do clube.
Muitos, quando se desesperam em relação aos infortúnios tricolores, costumam girar a metralhadora na diretoria executiva, mas não amadurecem o hábito de imputar essas três centenas de irresponsáveis, ainda que sejam meros bonecos sobejamente manipulados à vontade daqueles que se dizem “eternos”, “insubstituíveis”. Formados basicamente por parentes, amigos de infância, vizinhos de rua, amigos do amigo, líderes de torcidas organizadas, “profissionais” ligados a setores de uma imprensa vendida, além de motoristas, empregada do lar e do trabalho daquelas pragas maracajianas e guimaranianas – com vistas a legitimar os seus desmandos – suas presenças nocivas, constitui-se por si só, numa das maiores indecências que se têm notícias na história da agremiação.
É preciso que todos nós, humildes torcedores, tomemos conhecimento logo após o pleito de janeiro/2009 de quem são esses misteriosos personagens dessa tragicomédia que somente têm levado o Bahia à chacota e a cafonice, exigindo o registro desses bonecos no cartório, juntamente com a devida publicação de seus nomes em todos meios comunicacionais disponíveis, evitando assim, o aparecimento dessa lista forçosamente às vésperas das eleições presidenciais. É por conta disso que, para promover suas vaidades, os eternos coveiros costumam riscar da relação muitos conselheiros sem comunicá-los – quando estes desviam da reza em sua cartilha - e também inserem inúmeros sem saber sequer que são associados. Há seguramente caso de pessoas que mantém o status sem a noção, ao menos, sobre quais são as cores do clube.
Em meio a essas relações sujas, promiscuas e medíocres, os verdadeiros trouxas somos indubitavelmente nós, milhares de torcedores, induzidos a ser representados por centenas de fantoches que ali estão por conta apenas do dinheiro que jorram em seus bolsos, ou por serem grandes agentes de manipulação da consciência coletiva, ou quando os mesmos são produtos finais desse processo de idiotização em massa da inteligência desportiva, sempre com o objetivo de manutenção desses abutres nas delícias do poder, a exemplo daquele folclórico torcedor, cuja Bahia esportiva já se acostumou no divertimento quanto as suas risíveis declarações, dando conta de que o Bahia estará sempre no paraíso no ano que vem, mesmo com a estrutura carcomida que aí está.
Não há mais dúvidas. Não adianta querer pulverizar aqueles que se dizem “eternos” sem antes de promovermos uma verdadeira faxina no Conselho Deliberativo do clube, com direito a detergente, água sanitária e muita, muita creolina. Janeiro de 2009 vem aí. Vamos num esforço descomunal arrancar de lá esses insetos e, ao mesmo tempo, dar trânsito a pessoas sérias, competentes, inteligentes e, sobretudo comprometidas com o futuro da agremiação. Caso não seja possível, temos o direito de exigir o registro de seus nomes juridicamente, além de sua publicação ampla, geral e irrestrita. Vamos nos organizar, pois se eles ainda estão aí, É PORQUE ALGO DE ERRADO EXISTE CONOSCO.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

AS ENTRELINHAS DA CANDIDATURA DE "TIRIRICA JÚNIOR"

Mais uma vez, os reacionários podem dizer que venceram. Só que vencer para eles implica em desgraça para a nação tricolor. Já era de se esperar que o economista Reub Celestino fosse alijado desse “processo eleitoral”. Afinal, uma gestão dita transitória representaria para essas pragas maracajianas – e agora guimaranianas – um verdadeiro perigo nas intenções quanto à perpetuação dessas nocivas espécies. A manutenção desses sanguessugas, representadas na pessoa de Marcelo Guimarães Filho, nos impelem acelerar as certezas quanto ao fim de uma instituição que marcou época, porque eles precisam destruir esta história para que suas ilicitudes sejam devidamente escondidas. Certamente, Tiririca pai e júnior é tão bom para a galeria de presidentes do clube, quanto Bush pai e filho foram importantes para os destinos dos Estados Unidos. Trata-se de uma administração natimorta em termos de competência e planejamento.
Dois aspectos estão nas entrelinhas quanto às articulações para sufragar o futuro presidente Marcelo Guimarães Filho. Coloco-o na condição de próximo dirigente porque estaria a essas alturas subestimando minha modesta inteligência em acreditar que aquelas vacas de presépio do Conselho Deliberativo viessem referendar outro nome que não fossem da conveniência dos seus ventríloquos.
No primeiro aspectos deles, os fatores são velhos conhecidos até mesmo de um leigo que se arvore na curiosidade em formular os porquês do apequenamento de um clube, cuja marca é potencialmente grandiosa: refiro-me na preservação, no continuísmo, na certeza de que o poder não vai ser entregue a qualquer “aventureiro”, como costumam propalar os “eternos” em seus discursos medíocres, ainda que agora seja manipulada a questão do “novo”, da jovialidade do executivo, da proposta do “diferente” – mesmo com esvaziamento de idéias – embora boa parte da opinião pública esteja ciente da manutenção dos vícios coronelísticos.
O segundo – e o mais importante – ganha contornos especiais no presente processo. O observador mais atento, ao ler a reportagem do Jornal A TARDE do dia 18.11, percebeu claramente um outro avalista perigoso para esta candidatura: o ministro da integração nacional Geddel Vieira Lima, cujo pôster ornamentava estrategicamente ao fundo da foto do deputado, seu companheiro de partido e de malefícios em prol da Bahia. Há até quem diga que a querela entre o PMDB e o PT – que se iniciou no bojo do período eleitoral para a prefeitura de Salvador – esteja sendo indubitavelmente transferida para o interior do clube mais popular do Estado, numa importante manobra visando o uso das torcidas e dos elementos esportivos para a manipulação de inteligências no âmbito político.
São de conhecimento geral as verdadeiras pretensões de Geddel. O seu maior desejo é o de se tornar uma reciclagem de ACM, herdando o seu espólio, assim como suas atitudes doentias na forma de se fazer política. E as evidências estão aí, no uso da máquina pública para a cooptação de prefeitos, em diversos municípios; na ausência de parâmetros ideológicos quando contribui para que sua sigla lidere o balcão de negócios que hoje é o Congresso Nacional; no flertamento de qualquer partido – inclusive aqueles há bem pouco tempo pernicioso no seu maniqueísmo político – com objetivos eleitoreiros. Então, partindo desse pressuposto, não seria surpreendente o seu projeto pessoal em usar uma agremiação esportiva de massa, já preparando o controle social através do futebol, bem ao estilo do velho coronel, seu inimigo apenas no plano particular, mas aliado nos métodos truculentos e abusivos.
E é bom que os verdadeiros tricolores comprometidos com o futuro do clube estejam de olhos bem abertos para este detalhe. O nebuloso “geddelismo”, que é uma autêntica ameaça ao Estado, pode desembarcar antes de mala e cuia no Esporte Clube Bahia, provocando assim um grande retrocesso para aqueles que desejam a tão sonhada democratização tricolor.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O MISTERIOSO "ESTÁDIO TRICOLOR" DE 1971

Antes de iniciarmos as discussões, é importante ressaltar que a foto ao lado não é mera ilustração para o tema extraída no “google” ou outros sites de buscas. Foi a maquete produzida no entendimento entre a própria diretoria tricolor e a Construtora Norberto Odebrecht na época. Reparem a suntuosidade do projeto, movimentado com a mesma intensidade que terminou sendo a enganação ao torcedor.

O ano de 1971 é indubitavelmente recheado de mistérios quanto aos fatos esportivos. De cara, dois assuntos são considerados proibidos pela crônica esportiva até hoje, mesmo com a indubitável lembrança, quando certos acontecimentos recentes ativam as memórias antigas. Um dos episódios tradicionalmente “esquecidos” em debates é o pânico ocorrido na reinauguração da Fonte Nova – em 04.03.1971, com ampliação de mais um anel, aumentando a capacidade de torcedores – cujos dados (oficiais) de vítimas é de 2 mortos e 2086 feridos. O desastre de novembro de 2007 obrigou apenas menções tímidas, de uma época em que os impactos da tragédia teriam que ser minimizados, pois estava em jogo a propaganda oficial do Regime Militar (contando com os elementos do futebol como instrumento de manipulação social), a imagem administrativa do governo de Luís Viana Filho (pois esta obra serviria como cartão postal em consultas futuras sobre sua gestão), além dos próprios anseios da imprensa em aproveitar a estrutura colossal do estádio (o 4º maior do país na época) para tentar alavancar o futebol baiano.
Ultimamente se assiste uma verdadeira via-crúcis do Bahia na procura de uma praça esportiva adequada para mandar seus jogos. Camaçari e Feira de Santana foram reprovados pela torcida. Já se cogitou o Estádio Lourival Batista (Aracaju), e até passou por humilhações ao solicitar, sem sucesso, o Manoel Barradas. Mas enquanto os “eternos” tricolores correm os pires, incrivelmente, ninguém “lembra” que em 1971, as vésperas da reinauguração da Fonte Nova, o Bahia chegou oficialmente anunciar a construção do seu estádio, numa área onde hoje estão instalados desde o Shopping Iguatemi, até os limites do terreno do Grupo Wall Mart, que controla a rede de supermercados Bompreço. Numa nota observada na edição de A TARDE em 06.05.1971 (Pág. 11), dava conta da existência de uma placa com anúncio no suposto local da edificação.
Uma leitura pelo Jornal da Bahia em sua edição de 23/24 de maio daquele ano, por exemplo, evidencia que tratava-se de uma obra grandiosa, capaz de um reordenamento no mapa das principais praças esportivas, não somente do Brasil, mas de todo o planeta. E não era de causar dúvidas quanto ao sucesso do empreendimento. Afinal, ao contrário de hoje, o Bahia não era um clube qualquer. A agremiação colhia os louros do reconhecimento no país, detentora da hegemonia no Norte-Nordeste. Onze anos apenas separava da noite de 29 de março de 1960, quando levantou o troféu da I Taça Brasil, sendo daí o primeiro a participar da Taça Libertadores da América. Não por acaso o Bahia, juntamente com o Santa Cruz (coincidentemente vivendo intermináveis crises institucionais na atualidade), eram as únicas associações nordestinas a marcarem presença anual no Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o Robertão – espécie de campeonato brasileiro até 1971), o que levava a imprensa na época a tratar o Esporte Clube Bahia como uma espécie de embaixador do futebol baiano, num momento em que celebrava o seu quadragésimo aniversário. Estou até desenvolvendo um pensamento no qual, o Bahia pode ter sido o principal motivo para a rearrumação no ranking nacional iniciado neste mesmo ano pela antiga CBD (e ainda hoje em vigor), pois estava sendo densoroso para a paulistada e a cariocada tamanha coleção de pioneirismos cabendo a um clube do Nordeste, ofuscando certos méritos que poderiam abrigar, por exemplo, num Santos, num Botafogo, tão decantados em prosa e versos pelo mundo.
O estádio teria capacidade para 110.000 pessoas sentadas (perderia em tamanho apenas para o Maracanã) e o prazo para a execução da obra era de 23 meses. Ou seja: inauguração prevista para os primeiros dias de 1973. O que mais chama atenção na montagem desta engenharia é a forma inédita quanto a arregimentação de parceiros, praticamente sem ônus para o Esporte Clube Bahia. Conforme reportagem do Jornal A TARDE, em 14 de abril de 1971, na construção do “Estádio Tricolor” (termo inicialmente batizado para o projeto), caberia a construtora responsável (Norberto Odebrecht) a compra do terreno (na época custou Cr$ 6 milhões), a edificação do equipamento, e ainda a venda de cadeiras cativas, no sentido de garantir os recursos. Pelo acordo, os acentos (em torno de 10.000) seriam de propriedade da construtora, cujo comprador teria a posse vitalícia e hereditária, podendo-o vender, transferir, etc., em momento que julgar conveniente. Teria também 5.000 vagas exclusivas para automóveis, das quais 1.000 seriam vendidas ao público que, automaticamente, ganharia direito de exploração por uma década, e ainda a prioridade na renovação do vínculo, caso o prazo expirasse. Diz o periódico na data supracitada, alicerçado em declarações do então diretor de patrimônio do Bahia, Engº Hélio Pereira: “o clube escolheu um processo pioneiro para a construção do seu estádio. Enquanto o São Paulo F.C e o E.C Internacional empenharam-se diretamente na construção do Beira Rio e do Morumbi, com isto prejudicando outros setores de atividades, inclusive o nível do seu futebol, o Bahia preferiu aliar-se a uma empresa privada, com estrutura já montada para suportar equipamento de tal vulto”. Em outras palavras, a Construtora Norberto Odebrecht se preocuparia com a materialização do projeto, enquanto o Bahia – além de não gastar um tostão – continuaria com as suas atenções voltadas apenas para o futebol e outras modalidades esportivas.
Os jornais da época deixam em evidência que o então presidente do Bahia – ao contrário do que informa o site oficial tricolor, não sabendo se por engano ou conveniência – era Alfredo Saad, que posava de mecenas tricolor e, consequentemente do futebol baiano, mas que saiu do clube ainda em 1971 sob fortes acusações quanto a seus procedimentos administrativos, deixando o cargo para o seu sucessor, Manoel Inácio Paula Filho, cuja diretoria orbitava figuras já carimbadas nas hostes azul, vermelha e branca, a exemplo de Osório Villas Boas, Zezito Ramos, e um certo Paulo Virgilio Maracajá Pereira, futuro diretor de futebol, já no mandato de Wilson Trindade.
Existiam rumores de que o Governo da Bahia não apoiava a edificação do estádio, provavelmente porque, uma vez ativado, o “Estádio Tricolor” ofuscaria a recém reformada Vila Olímpica da Bahia, embora nenhum clube baiano ainda possuísse praça esportiva própria. Mesmo assim, o Jornal A TARDE de 6 de maio de 1971 noticia o encontro do Engº Norberto Odebrecht e diretores do Bahia com o então governador Antônio Carlos Magalhães, no qual ficou acordado o acionamento do prefeito Cleriston Andrade para autorizar burocraticamente o início dos trabalhos, além do batismo do estádio com o nome do governador. Uma grande campanha de lançamento a ser veiculada em todos os meios de comunicação de massa também foi prometida, onde a ajuda do torcedor seria peça fundamental (obviamente com a compra das cadeiras cativas e das vagas extras do estacionamento).
Em meio a essas pesquisas (centradas nos meses de fevereiro de 1971 até o início do ano seguinte) algo me causou profunda estranheza: enquanto o tempo ia passando no folheamento dos periódicos consultados, enquanto que o pobre torcedor ia provavelmente delirando com o anúncio do lançamento da pedra fundamental de uma obra que transformaria para sempre a história do seu clube, as notícias referentes ao tema iam gradativamente se esvaziando. O que se falava com grande estardalhaço no começo, aos poucos se resumia em pequenas notas de canto de páginas e, posteriormente, não mais se mencionando qualquer linha acerca do assunto. Dava-se como certo o início dos trabalhos das caçambas e tratores o mês de maio, depois julho, em seguida setembro, outubro, janeiro / 72... Ao final da consulta, a impressão era de que o assunto não existia.
Provavelmente o caro leitor deve estar esperando ansiosamente por um desfecho dessas linhas. Mas infelizmente este texto ficará inconcluso, até porque, a cada leitura nos periódicos da época iam se minguando as certezas e aumentando as dúvidas sobre este nebuloso episódio, ainda mais que, como dito anteriormente, o Bahia não gastaria um vintém nesta obra. Estou colocando o assunto em pauta visando o estímulo nas discussões. Continuo sempre que posso escarafunchando documentos na esperança de esclarecer algo que pode servir de somatório neste processo de decadência do clube. E peço a cada um de vocês a colaboração de importantes detalhes pra que possamos aqui montar o quebra-cabeças. É preciso o conhecimento, por exemplo, sobre o destino dos recursos com a provável venda de cadeiras cativas; se o Bahia foi compensado financeiramente pelo uso aleatório de sua marca; é de bom alvitre também a compreensão de como aquele terreno, de uma hora para outra, foi parar nas mãos dos representantes da Nacional Iguatemi, além do grupo liderado pelo Sr. Mamede Paes Mendonça; enfim, quaisquer detalhes que levaram ao silencio dos “eternos dirigentes”, dos “formadores de opinião”, da Construtora Norberto Odebrecht, do Estado da Bahia, dentre outros que certamente mudaram a trajetória de um processo que garantiria a auto-sustentabilidade financeira tricolor. Em outras palavras, não pretendo pôr fim a esta discussão, e sim volta-la em breve, com a contribuição de todos.
A certeza mesmo que fica é a de que, com o anúncio da construção do “Estádio Tricolor”, ou como alguns queiram "Estádio Antônio Carlos Magalhães" – sem que tivessem a noção exata de sua viabilidade, ou se tinha, mas o estardalhaço servindo como meio apenas de valorizar o terreno para outros fins imobiliários – a torcida tricolor na época foi utilizada como massa de manobra, como brinquedo pelos dirigentes da época, alguns hoje ainda em atividade, comportando-se como se nada tivesse ocorrido. E nem mesmo Pelé (ele mesmo) escapou deste tipo de engodo, já que, ao tomar conhecimento do projeto e da maquete da obra, prometera a Alfredo Saad não somente vir à inauguração da praça esportiva, como também atuar com a camisa do Esporte Clube Bahia no dia festivo que nunca chegou, conforme registrado no Jornal da Bahia, em 7 de abril de 1971 (Pág.6).
IMAGEM: Jornal A TARDE: Quinta feira (06.05.1971) - Coluna "Fora das Manchetes" - Pág. 11.